Como podem bons frutos serem gerados se não existem jardineiros zelosos?
Em um tempo sem tempo onde a quantidade é o que mais conta; tempo em que medem o sucesso de um trabalho pela repercussão gerada por ele; como serão gerados bons frutos?
Preparar a terra, esperar a estação, plantar a semente, regar, podar, regar, podar, apoiar o frágil caule, podar sempre, regar sempre, colher.
Mas se há espinhos? Se houver pragas? Se o terreno não for tão bom? Se não houver tempo? Se a árvore gerar frutos amargos? Se for muito fibroso, pouco caudaloso? E se não for vistoso?
E se eu puder poupar recursos, diminuir os riscos de rejeição, aumentar a eficiência? E se as sementes forem mais fortes? Se a terra for mais forte?
Seria tão bom poupar esforços. Cortar caminhos. Aumentar a lavoura. Ser reconhecido.
E ser amado, quem quer?
Amar o quê? Frutos e lavouras?
E se fossem pessoas?
E se as pessoas não forem lavouras?
E se as pessoas forem lavouras?
Vamos modificá-las! Torná-las mais fortes! Vamos reunir os engenheiros, os pesquisadores!
Vamos mudar a natureza! Somos seres adaptáveis!
Somos medrosos e preguiçosos e egoístas…
Enquanto olho para o meu umbigo em busca do meu sucesso para me tornar independente dos outros, matamos nossos jardins, esmagamos nossos frutos, sufocamos nossa lavoura.
Mudarei eu em detrimento de mim? Ou mudarei o mundo a favor de mim?
Que tal uma humanidade transgênica, uma humanidade reformada pelo próprio homem? Que mude de dentro para fora, que não tenha escolha.
Já pensou seu filho assim? Melhorado geneticamente?
E se der certo e ele for saudável? E se der errado?
E se já estiver dando errado?
Porque está.
Nenhum comentário:
Postar um comentário